Mudança de Hábito: Programe seu Cérebro para Funcionar

Se você procura uma mudança de hábito, já deve ter notado como grande parte das coisas que ocorrem ao nosso redor estão fora do nosso controle ou que mesmo que você queira muito um dia de sol, não é você quem decide a previsão do tempo, a temperatura e nem mesmo a cor do céu daquele dia, aliás, você não decide fazer aniversário todo ano, sentir fome ou vontade de ir ao banheiro!

Consegue perceber que de uma forma ou de outra vivemos nos adaptando ao mundo? A única coisa que de fato poderíamos controlar, somos nós mesmos, porém, se você está lendo este artigo, já sabe que isso não é uma tarefa fácil… Por mais que você acredite que tem o controle de suas atividades e decisões, passamos a maior parte do tempo agindo por impulso, tomando atitudes precipitadas, baseadas em experiências anteriores.

Essa forma de “decisão automática” é o que alguns chamam de hábitos e outros chamam de costumes. E agora, será que são a mesma coisa? Hábito ou costume? Por mais que sejam conceitos similares, não são a mesma coisa!

O hábito, é uma forma de agir que está tão internalizada em alguém, que passa a ser uma atitude espontânea. Ações diárias, como arrumar a cama, escovar os dentes, tomar banho e comer salada podem ser consideradas um hábito.

Já o costume, é um comportamento compartilhado por um povo. Por exemplo, os brasileiros têm o costume de celebrar festas populares, trocar carinhos, abraçar e beijar familiares e amigos em público, o que nos torna diferentes de outras nações que não compartilham desse mesmo costume. O que você está procurando é alterar algo que você faz, ou seja, uma mudança de hábito.

Começar uma dieta, parar de fumar, ter uma rotina de estudos ou fazer mais exercícios físicos, tanto faz! O importante é entender que todas essas mudanças partilham do mesmo padrão de formação. Para isso, você precisa de um entendimento um pouco mais profundo de como o seu cérebro funciona e de como programá-lo para algo novo!

Como Surgem os Hábitos?

Ainda como bebês, observamos a forma de agir de nossos pais, irmãos, professores e amigos e tendemos a imitá-los até aquilo parecer algo natural para nós, ou seja, um hábito. A junção de comportamentos e movimentações ao nosso redor formam nossos primeiros “paradigmas”.

O surgimento de novos hábitos, é parte de uma sequência de aprendizado e repetição e ocorrem sempre no mesmo modelo. Acionados por um gatilho, somos levados a executar o hábito e por fim recebemos uma recompensa que nos incentiva à repetição do ciclo.

Resumidamente falando: o gatilho leva ao hábito, que leva à recompensa, e o ciclo se repete.

Para deixar esse modelo mais claro, vou te dar alguns exemplos:

Pode parecer bobo, mas você se lembra quando os Teletubbies paravam tudo o que estavam fazendo e falavam “De novo! De novo!”? Então, eles estavam não só nos irritando um pouco, mas também trabalhando o exercício da repetição conosco e contribuindo para o nosso aprendizado e construção de uma prática habitual!

O gatilho era a própria frase estimulante (“De novo! De novo”), o hábito em si era responder a esse estímulo, falando aquilo que você provavelmente já havia dito dezenas de vezes! Por fim, a recompensa era ver a felicidade dos Teletubbies logo que você repetia aquilo que eles queriam ouvir de você, era realmente uma alegria.

Vou te dar um outro exemplo um pouco mais concreto.

Se você é do tipo de pessoa que adora comer um docinho depois de cada refeição e não consegue mudar isso, vai entender muito bem o que eu quero dizer.

Aquela vontade de comer um pedacinho de chocolate, um brownie, alguns cookies ou quem sabe um pudim inteiro depois do almoço é quase incontrolável para algumas pessoas. Chega a ser frustrante terminar de comer e não ter o seu docinho de sobremesa. No entanto, se você entender como esse ciclo se inicia, tem chances muito maiores de alcançar a mudança de hábito.

O gatilho, por mais que possa variar de pessoa para pessoa, no geral é comer algo salgado ou simplesmente fazer uma refeição, o que nos leva ao hábito de comer algo doce. A recompensa, é simplesmente o prazer daquele gostinho na boca!

Essa prática chega a ser tão internalizada em algumas pessoas, que passa a ser um vício. E aí o assunto é outro. Os vícios normalmente são associados à falta de equilíbrio, são mais fortes que os hábitos e têm chances menores de serem alterados. Se você acha que seu hábito chegou a ponto de se tornar um vício, procure ajuda da sua família, amigos e profissionais. Com certeza alguém lhe ajudará a superar esse vício.

Enfim, agora que você já sabe como um hábito surge e como ele funciona, está na hora de mudar!

Como Programar Seu Cérebro Para Mudança de Hábito

A primeira coisa a se fazer é acabar com a promessa de futuro.

Aquela história de “Segunda-feira eu começo a minha dieta” ou “Amanhã mesmo eu vou parar de fumar” você já sabe como funciona… Quando sentimos que a mudança que está por vir é difícil, mentimos para nós mesmos falando que começaremos com aquilo mais tarde.

O primeiro passo é fazer agora!

Mas calma! Também não adianta querer mudar tudo da noite para o dia. A mudança de hábito é um processo longo, que além de força de vontade, exige certa análise.

Análise? Como assim análise?

Bom, como os hábitos são sempre desencadeados por um gatilho, é importante que você analise suas atitudes anteriores a ele, para então, descobrir esse gatilho desencadeador.

Isso pode ser feito de uma forma simples. Anotar tudo aquilo que você faz ao longo de um período, te ajuda a verificar suas ações e acontecimentos em uma ordem cronológica (Isso pode ser feito com a ajuda de alguns aplicativos). Anote e identifique elementos como horário, local, estado emocional e pessoas envolvidas na situação habitual. Faça isso por uma semana e você perceberá como fica fácil encontrar os elementos do ciclo.

Se você observar algum padrão de repetição, está no caminho certo!

E se eu não encontrar o gatilho?

Por mais que anotar suas ações ao longo de sete dias ajude bastante a encontrar diversos elementos do ciclo, nem sempre conseguimos visualizar esse ponto facilmente.

Existem outras alternativas, que, por mais que sejam complementares ao passo anterior, podem ser colocadas em prática mesmo sem um gatilho encontrado. A alternativa seria alterar a recompensa!

Lembra daquelas pessoas que comem doce após as refeições? Elas poderiam, talvez, substituir o doce em si por algo mais saudável, mas que também forneça prazer. Falar parece fácil, mas o nome “recompensa” não é por acaso, é chamada assim por ser a parte mais que mais nos interessa do ciclo e se você alterar a recompensa, estará alterando o ciclo do hábito.

Encontrar uma recompensa que forneça prazer a ponto de substituir uma recompensa anterior, é uma questão de experimentação. Lembre-se de que você está criando um hábito novo, no começo é estranho, mas vai chegar um ponto em que a sequência de ações se torna natural e você, finalmente e sem perceber, programou seu cérebro para funcionar.

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